“Chegará o dia que em cada hospital, após cada parto, o crânio e o corpo de um bebé será examinado pelas mãos sensíveis e sábias de um Osteopata. Chegará o dia, embora eu saiba que não estarei lá para vê-lo.”
W. Sutherland (1873-1954), pai da Osteopatia Craniana.
Osteopatia Pediátrica
O que é e como surgiu?
A Osteopatia Pediátrica é um conceito relativamente recente em Portugal, ao contrário de alguns países da Europa - França, Inglaterra, Bélgica. " Podemos dizer que a osteopatia Infantil ou Pediátrica não é mais do que a Osteopatia adaptada à estrutura e ao crescimento do bebé e da criança, mas nem todos os osteopatas estão aptos para trabalhar nesta área, apenas os que se especializaram.
Se há algo que diferencia a Osteopatia em adultos e a Osteopatia em bebés e crianças é o facto de estes estarem em fase de crescimento e formação.
É de extrema relevância trabalhar na fase de crescimento, pois qualquer indício de que algo não se está a formar bem, temos a oportunidade de corrigi-lo, na medida do possível: as deformações vertebrais que iriam produzir uma escoliose, as deformações dos ossos do cranio que produzem uma plagiocefalia, o mau alinhamento corporal que produz um valgo ou varo dos joelhos e pés; podemos incidir nas correcções posturais da coluna, pelvis, marcha. Em Osteopatia Pediátrica trabalha-se a favor da inércia do crescimento e da expressão cinética dos tecidos em formação."
O que trata a Osteopatia pediátrica?
O bebé é sujeito a muitas pressões na barriga da mãe. Conforme a gravidez avança o bebé cresce e o espaço para ele se mover vai diminuindo proporcionalmente. O momento do parto é mais um factor de compressão do bebé, quer pela expulsão pelo canal vaginal quer pela incisão da cesariana, tal como a compressão que sofre com as contracções do trabalho de parto.A utilização de ventosas ou fórceps acrescentam mais um factor de compressão, tal como os estimulantes das contracções (para provocar o parto). Todos estes factores provocam alterações no corpo do recém-nascido, por vezes visíveis, como é o caso dos torcicolos e das assimetrias do crânio logo ao nascer, mas estas alterações muitas vezes passam despercebidas, mas são postas em evidência na avaliação osteopática. As alterações referidas podem ter como causa todas estas forças de compressão e torsões a que o bebé é sujeito.
Os casos mais frequentes e apropriados para trabalhar com Osteopatia em bebés e crianças são:
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Transtornos digestivos no lactente tais como cólicas e refluxo frequente;
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Torcicolos;
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Otites de repetição;
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Escolioses;
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Deformações craniais no lactente;
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Irritabilidade e insónias em bebés e crianças;
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Qualquer disfunção mecânica produzida em qualquer um dos 12 pares cranianos no lactente e em alguns casos na criança;
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Subluxação da anca no lactente, em simultâneo com o tratamento ortopédico indicado;
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Valgo e varo dos joelhos na criança;
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Lesões da ATM (articulação da mandibula com o maxilar) na criança, bruxismo em bebés e crianças;
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Lesões ligamentares e tendinosas na criança.
A osteopatia pediátrica utiliza técnicas suaves, muito centradas no crânio do bebé, pois é desta região que saem estruturas responsáveis pela deglutição, sucção, tal como para o sistema digestivo (estômago, fígado, intestinos..).
No que respeita à estética, sendo uma alteração ligeira, o corpo corrige e não constitui um problema para o futuro nesse campo. O que realmente interessa é que o osteopata, ao avaliar o bebé, verificar se existe uma boa mobilidade do cranio e uma normal tensão de todos os tecidos, de modo a que não se possibilite a ocorrência de assimetrias no crescimento e compressões neurais de futuro, tais como dos nervos cranianos oculares e os responsáveis pela deglutição e musculatura da língua por ex., que atravessam diversas estruturas intracraniais. Estas estruturas devem ter o movimento normal conservado e o modo de possibilitar esta normal mecânica é recorrer à osteopatia o mais cedo possível.